Seminário 2 de Lacan - O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise - 1954

 


2. Seminário 2: Le moi dans la théorie de Freud et dans la technique de la psychanalyse (1954–1955)


Foco: A construção do eu (moi) e sua relação com o inconsciente e a técnica psicanalítica.

Principais conceitos: O complexo de Édipo e a imaginação. Lacan desafia a visão de Freud, destacando que o "eu" é uma formação imaginária, construída nas relações com o Outro.

Contribuições: Crítica à noção de ego de Freud, que Lacan entende como algo estruturado por imagens e ilusões.

RESUMO — Seminário 2: O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise (1954–1955)

No Seminário 2, Lacan atira luz sobre uma confusão que tomou conta da psicanálise da época: a ideia de que o ego seria uma espécie de comandante interno, racional, estável e capaz de controle. Ele mostra que essa imagem é enganosa.

Para Lacan:

• o ego é uma construção imaginária
• feita de identificações, espelhos, idealizações
• e não representa o sujeito do inconsciente

O sujeito verdadeiro aparece nos furos do discurso, não na narrativa coerente que o ego conta sobre si. O analista não trabalha fortalecendo o ego, mas desmontando suas ilusões para que o sujeito do desejo apareça.

O Seminário 2 é também a porta de entrada do famoso estádio do espelho: a criança se reconhece no espelho e cria o eu como imagem integrada, mesmo antes de ter domínio sobre seu próprio corpo. Essa imagem é sedutora, mas alienante.

Lacan mostra que:

• o ego é uma fantasia organizada
• o sujeito é dividido entre imagem, significante e desejo
• a análise opera deslocando o sujeito para além da falsa unidade do eu

No plano clínico, isso significa que o analista não busca ajustar o paciente ao “mundo real”, e sim abrir caminho para que ele encontre sua verdade no inconsciente.


QUADRO-RESUMO — Seminário 2

1. Natureza do ego
• Construção imaginária
• Produto do estádio do espelho
• Fonte de alienação e ilusão de unidade

2. Sujeito do inconsciente
• Não é o eu
• Surge nas falhas e cortes da fala
• É efeito do significante

3. Estádio do espelho
• A criança forma uma imagem integrada de si
• Essa imagem é sedutora, mas enganosa
• Dá origem ao ideal do eu

4. Função do imaginário
• Organiza rivalidades e comparações
• Fornece identificação, não verdade
• É terreno de disputas narcísicas

5. Técnica analítica
• O objetivo não é “fortalecer o ego”
• É desarmar ilusões imaginárias
• É abrir espaço para o desejo aparecer

6. Núcleo da clínica
• A falha do eu revela o sujeito
• O sintoma carrega mais verdade que o ego
• A fala é o caminho para desalojar o eu



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